A verdade sobre criar apresentações com IA: quando funciona e quando falha

No ritmo acelerado dos dias que correm, tenho de admitir que é tentador usar a IA como ferramenta de apoio. A acessibilidade destas tecnologia abriu todo um mundo de possibilidades nas mais variadas áreas. Os slides em PowerPoint não poderiam ter um destino diferente com a explosão de geradores de apresentações com IA. Neste artigo vamos perceber as suas vantagens e desvantagens, quais as fases mais adequadas para a sua utilização e qual o papel e o lugar dos designers de apresentações com estas novas tecnologias.

Inteligência Artificial para criar apresentações empresariais: Um complemento ou substituto?

As ferramentas atuais são ótimas para quem não tem experiência em Design. Sem sombra de dúvidas, a IA ajuda-nos a eliminar alguns bloqueios criativos. Permite preparar apresentações de forma rápida e eficaz, enquanto oferece variedade de templates com algum nível de personalização. A ideia é simplificar o processo de design de forma a poupar tempo e dinheiro.

As várias apps criam apresentações utilizando inteligência artificial, como por exemplo o Gamma, o Presentations.AI e o Canva, disponíveis no mercado, têm diversas funcionalidades que permitem:

• Elaborar os textos que vão constar nas apresentações;
• Escolher o estilo desejado;
• Definir o tom de comunicação;
• Criar apresentações a partir de documentos Word e PDF;
• Colaboração em tempo real;
• Síntese de tópicos complexos.

À primeira vista, parece fantástico. As ferramentas IA focadas em apresentações já permitem um bom avanço, contudo há que ter em conta que as funcionalidades ainda são muito limitadas oferecendo na maior parte dos casos, soluções genéricas.

Análise de um caso real: Apresentação criada por inteligência artificial

Relativamente há pouco tempo, um cliente entrou em contato comigo em pânico ao necessitar da minha ajuda para uma apresentação comercial. A apresentação tinha sido desenvolvida por 4 pessoas diferentes e, então, decidiram utilizar uma app IA para gerar o design dos layouts. Ao desenvolverem a apresentação em 4 blocos diferentes, repararam que iam ter muito mais trabalho para uniformizar os slides. As cores, as fontes e os grafismos não casavam, pareciam 4 apresentações diferentes. O cliente e os restantes membros da equipa recorreram também a ferramentas de geração de imagens que podem ser fantásticas em algumas ocasiões mas para os mais desatentos, detalhes cruciais podem falhar. A IA não consegue gerar coisas simples como relógios de ponteiro com precisão, mãos humanas a executar tarefas específicas e muitas vezes cria cenários dignos de um quadro surrealista.

Como o prazo era curto para o design dos slides, desenvolvi rapidamente um guia visual para garantir a consistência em todos os slides. Consegui garantir a entrega em 72 horas e com sorte, correu tudo bem para o meu cliente.

Os visuais oferecidos pela IA eram muito genéricos para a temática da apresentação, onde a personalização é muito limitada, algo que só pode ser fornecido por um profissional de apresentações experiente.

Interpretação, hierarquia e contexto em apresentações

Com este caso, podemos perceber que a inteligência artificial pode ser útil para as fases de brainstorming e ideação, estruturação de conteúdos, melhorias textuais e correção ortográfica. Contudo, os resultados gerados por inteligência artificial ficam muito aquém do impacto visual e engajamento que um designer de apresentações pode proporcionar. Vê alguns exemplos de apresentações com alto impacto visual.

A interpretação e a contextualização dos dados requerem um nível de compreensão humana e de sensibilidade ao design que as ferramentas de IA ainda não conseguem replicar integralmente. Por exemplo, ao lidar com grandes quantidades de dados ou dados com alguma complexidade na sua interpretação, a IA pode não ser capaz de estabelecer uma hierarquia de informações de forma a fazer sentido para o público-alvo.

Os geradores de slides IA ainda deixam muito a desejar no que toca a soluções interativas. Enquanto designer digital e de apresentações, eu incluo no meu trabalho animações, visualização de dados, interatividade e objetos 3D animados com o meu bom PowerPoint, que continua ser a ferramenta mais versátil no mercado. Ocasionalmente uso o Google Slides ou o Figma, dependendo da finalidade do projeto em si.

Outro ponto a considerar é a adaptação ao contexto cultural e emocional do público. A escolha de cores, imagens e a forma como a informação é apresentada pode variar conforme o contexto cultural, emocional e o ambiente em questão.

O futuro do design de apresentações

Apesar dos desafios mencionados, a IA não deixa de ser uma ferramenta interessante. É indiscutível que a tecnologia continuará a evoluir e, com isso, a sua capacidade de ajudar de forma cada vez mais eficiente. No entanto, é essencial reconhecer que a IA serve melhor como um complemento ao nosso trabalho do designer de apresentações que um substituto. À medida que avançamos, vamos integrando cada vez mais a IA na nossa rotina de trabalho. O segredo vai estar sempre numa combinação equilibrada entre a tecnologia e a insubstituível criatividade humana.

Contudo, é importante lembrar que as versões iniciais geradas por estas ferramentas são apenas o começo da jornada. A verdadeira magia acontece no toque final, naquela revisão cuidadosa que só o olhar atento e experiente de um designer de apresentações pode fornecer. Se procuras elevar o teu projeto ao próximo nível, estou aqui para ajudar.

👋 Sou a Matilde Ferreira fundadora do estúdio Matilde Digital. Com 8 anos de experiência no ramo do design digital e apresentações, passei por agências, startup’s e sector da banca. Ajudo a elevar marcas locais e de empreendedores. Construo e fortaleço as suas identidades visuais e presença digital graças à minha polivalência e abordagem única.

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